No ensaio de hoje, feito pelo fotógrafo Moska, trazemos um lugar em São Paulo que carrega muita história mas poucos conhecem: a Vila Maria Zélia.
Idealizada pelo médico e industrial Jorge Street, a Vila Maria Zélia foi inaugurada em 1917 com o objetivo de abrigar os 2.500 funcionários da Companhia Nacional de Tecido de Juta, localizada no bairro do Belenzinho.
Jorge sempre foi muito preocupado com o bem estar de seus funcionários e, por isso, buscou na Europa um arquiteto que pudesse colocar em prática algumas de suas idéias. O escolhido foi o francês Paul Pedraurrieux.
Paul construiu uma verdadeira miniatura de cidade européia na capital paulista, um bairro que destoava do restante do Belenzinho. Ali foram erguidos uma capela, dois armazéns, duas escolas (para meninos e meninas), coreto, praça, campo de prática esportiva, salão de festas e ainda ambulatórios e consultórios médicos, enfim, avanços que não poderiam ser vistos nas demais vilas operárias da época.
Com a crise 1929, a vila foi vendida para a família Scarpa e, nos anos 30, foi confiscada pelo IAPI (atual INSS) devido a débitos fiscais junto ao Governo Federal. Somente no ano de 1968 os moradores foram autorizados a comprar os imóveis através do sistema BNH.
Hoje, ao andar pelas ruas do bairro da Vila Maria Zélia, o silêncio impera à sombra de prédios em ruínas e instalações degradadas. Raros são os movimentos de veículos, raras são pessoas caminhando.
Por outro lado, residências bem conservadas e preservadas com muros e portões baixos dão um ar de pequena cidade do interior. A sensação é de que a Vila Maria Zélia é uma bolha parada no tempo em meio ao caos paulistano.
O tombamento histórico, que aconteceu apenas em 1992, chegou tarde e prédios lindos – como a Escola de Meninos e a Escola de Meninas, na época duas das melhores escolas da região – encontram-se em situação quase que irrecuperável. Mais um caso em que a história é deixada às ruínas, infelizmente sem nenhum respeito ou cuidado pelo nosso passado.
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