Infame

Origem

Confira hoje o trabalho da fotógrafa brasileira Liza Moura realizado na aldeia Piyulaga no Xingu, junto ao povo Waura.

Por Liza Moura |  08 de dezembro de 2017

Liza Moura, fotógrafa brasileira radicada na França, esteve em 2017 na aldeia Piyulaga, no Xingu, junto ao povo Waura. Na ocasião, a tribo estava em luto pela morte de seu cacique, porém seus integrantes abriram uma exceção para que ela e seu marido (também fotógrafo e chef de cozinha) pudessem fotografá-los.

Em um papo com o Infame, Liza nos contou um pouco de sua trajetória e inspiração para esse ensaio:

“O Xingu faz parte da minha vida desde que sou criança e assistia documentários ao lado de minha avó, que é descendente de índios. Daí a vontade sempre contínua de vivenciar experiências com esse povo lindo. Infelizmente, grande parte do Brasil romantiza e não sabe das reais condições em que eles vivem – de como é o dia a dia, o que precisam, o que passam, como são as festas e sua real personalidade. É uma pena que a grande maioria das pessoas pensa que ser índio é viver pintado em uma eterna festa, e não é bem assim. Se a floresta e o rio não dão o alimento do dia, eles ficam em uma situação difícil.., É um povo lindo, que eu admiro e busco, de alguma maneira, ajudar.”

E continua: “Foram muitas as inspirações para esse registro: dentre elas o fato de eu ter proximidade com a minha origem, de aprender sobre a cultura, aprender a respeitar mais e mais a natureza, descobrir como eles vivem, suas necessidades e qual é a real rotina. Buscamos, ao fotografar, sair dessa rotina que vemos em livros e programas, e acompanhar a vida diária: levantar as 5 da manhã e dormir as 19 horas, pescar, fazer a roça de mandioca,  tomar banho no rio, ver a pajelância, os rituais, conhecimento das ervas medicinais, etc.”

Quando perguntamos sobre a experiência com as pessoas, Liza finaliza demonstrando uma certa comoção, fruto de quem vivenciou de perto a cultura de um povo:

“No tempo que estive na tribo Waura, fiz amigos, vivenciei a rotina das mulheres que é pesada – elas tratam da comida, da limpeza, de preparar a mandioca para o consumo, de preparar o urucum, dentre outras coisas. Percebi como eles são amáveis, como são amigos, gentis, como defendem suas famílias. Aprendi com eles a respeitar o tempo, que cada indivíduo tem seu tempo. Me sentia o tempo todo protegida, eles estavam sempre preocupados em agradar, em me mostrar a cultura. Na despedida trocamos presentes e vi lágrimas nos olhos de alguns. Até hoje mantemos contato e, certamente, voltarei logo para continuar minha trajetória com eles.”

Conheça mais o trabalho de Liza Moura aqui e siga seu Instagram aqui.

Liza Moura

Liza Moura

Liza Moura fez teatro e direito e, mais tarde, se mudou para a França para estudar história da arte, momento em que começou a fotografar. Seu olhar é direcionado aos povos, culturas e etnias, sempre em busca de um contato humano entre sua lente e as pessoas que fotografa.