Infame

Simples Cidade – Simplicidade: Eu estava no meio.

Conversamos com o fotógrafo e poeta Leo Silva sobre o ensaio de seu bairro, em Fortaleza, e sua trajetória como fotógrafo.

Por Leo Silva |  15 de novembro de 2017

Leo Silva mora em Jangurussu, um pequeno bairro em Fortaleza no Ceará. Segundo ele, após passar um tempo ausente, matriculou-se em uma das instituições da juventude da sua cidade, onde aprendeu as técnicas da fotografia.

“Acho que a gente sempre está no meio, a questão mesmo é mais se descobrir como fotógrafo, começar a pensar e a estudar sobre, seguir o caminho. Eu fazia algumas fotos com equipamentos emprestados e isso acabou me colocando no local onde eu estou (que ainda não sei bem onde é). Durante os cursos a gente aprende muito rápido as ideias. Falo no sentido técnico, daí pra frente a gente tem que se virar, ir atrás de referências. Nesse tempo, fui atrás conversando com amigos que também fotografam por aí e conheci algumas fotos do Steve McCurry, Lee Jeffries, Lisa Kristine, entre outros. Nessas conversas também fui conhecendo fotógrafos locais como Beto Skeff, Celso de Oliveira e o Galba Nogueira, que já são bem conhecidos na região. Na cidade, há fotógrafos independentes e também coletivos de fotografia de periferia, como por exemplo, a Zona Imaginária e o Coletivo Zóio.”, comentou.

Leo também nos contou um pouco sobre seu bairro e sua inspiração para esse ensaio:

“O bairro está, muitas das vezes, aparecendo na mídia em um contexto bem negativo. Poucos o conhecem, sempre estão a falar negativamente, sempre com intuito de desmoralizar o local. A mídia acaba criminalizando a juventude, tratando e anunciando como pessoas violentas e usuárias de drogas, associando logo ao tráfico, sendo que o contexto é totalmente o contrário – mesmo não tendo atenção da prefeitura e da secretária de juventude, dentre outros órgãos, para o local.

O bairro tem seu pólo cultural: tem grupos musicais, capoeiras, saraus, escritores, poetas, dançarinos/as e tudo mais. Porém, é pouco considerado na grande mídia. Os artistas que nele trabalham fazem, eles mesmos, o nome do local, seja nas poesias entoadas em praças, seja nas músicas cantadas, seja no gingado. Neles conseguimos, ao meu ver, entender e perceber que há algo além neste lugar. O bairro, mesmo tendo pouca visibilidade, já é conhecido como um pólo cultural, pela diversidade de artistas que aqui atuam.”

O ensaio tem como proposta mostrar o local onde Leo vive e levar para outras pessoas sua visão de como é a sua cidade.

São oito comunidades que trazem nos nomes os santos e mártires. São tantas as histórias que temos, são muitas a serem contadas, mas poucos chegam a conhecer. Perceber e ter a sensibilidade de como o local é lindo e agradável, faz com que a gente se desperte para algumas coisas. Principalmente, aceitar que ali é o seu lugar.”, finaliza.

 

 

Leo Silva

Leo Silva

Leo Silva é escritor, poeta, fotógrafo e filmaker. Participa do coletivo de audiovisual Tentalize. Suas crônicas foram lançadas no livro “Vozes do Jangu”, uma coletânea de diversos escritores. Teve suas poesias publicadas no livro “Poetas de Lugar Nenhum – Sarau da B1” e, alguns fragmentos em fanzines. Conheça mais seu trabalho aqui.