Infame

“Junho de 87”: Em Algum Lugar Entre a Consciência e o Subconsciente

Conversamos com o fotógrafo americano Stephen Ciampi sobre a sua constante missão de fotografar o subconsciente humano.

Por Stephen Ciampi |  12 de setembro de 2017

Sempre que você ouvir falar do trabalho de Stephen Ciampi, lá estará alguma referência à data do seu nascimento: Junho de 87, algo tão forte que muitas vezes se aproxima de um nome artístico (seu Instagram, por exemplo, é @juneof87). “Qualquer exibição ou mostra do meu trabalho deve mencionar essa data. Ela marca o começo do meu projeto de vida, que reflete minha imaginação, perspectivas e a representação do meu pensamento subconsciente transformando-se em consciência. Locações são uma parte significativa desse projeto. Tento achar um local que dê a impressão de ser algo meio fora dessa existência, mas semelhante a um sonho. Talvez um lugar para o qual escapamos dentro de nossas mentes”.

“Sempre fui interessado em registrar meus sonhos. A fotografia é um processo pelo qual eu posso fazer isso. Carl Jung, Francis Bacon, Antoine d’Agata e pessoas com quem eu colaboro são minhas principais influências. Devo tudo a eles”.

Perguntado sobre aquilo que mais o inspira como fotógrafo, Stephen reforça novamente a importância dos seus sonhos e subconsciente. “Dou o melhor de mim para tentar traduzir minhas experiências oníricas em fotos. Eu as componho de uma jeito ‘cinemático’, mais como uma forma de passar ao observador a sensação de assistir a um filme, sem entregar o seu enredo. Muitas questões estão abertas a interpretações. Não quero dar todas as respostas. A gente ganha muita coisa fácil demais nessa vida”.

“Emoção é algo muito importante na fotografia. Fotos são veículos pelos quais eu percebo meu arredor; um vislumbre dentro do estado atual e passado das coisas. Pequenos pedaços de nostalgia que eu gosto de deixar para trás”.

Muitas das suas fotos trazem um lado mais obscuro, bem como nudez. Stephen nos conta que gosta de explorar esse caminho por ser uma ilustração da sua ‘anima’ (termo cunhado por Jung como sendo a parte da personalidade que está em contato direto com nosso eu interior), desnudada até a sua forma mais pura. Quase como uma maneira de escancarar uma parte do seu subconsciente.

“Eu acredito que todas formas de arte deveriam de alguma forma abraçar essa “missão insurgente”, em que pegamos um objeto que já conhecemos e destruímos suas barreiras, como uma forma de reformá-lo sob um luz diferente. Arte é importante por causa disso. A arte ajuda nossa imaginação a evoluir”.

 

Stephen Ciampi

Stephen Ciampi

Stephen Ciampi é fotógrafo nos Estados Unidos.