Infame

De volta pra casa.

"Poder registrar a diversidade e beleza da natureza, os povos indígenas, os povos locais e os projetos que eu desenvolvi, especialmente das crianças da comunidade, sempre alegres e envergonhadas, é algo muito especial."

Por Janaína Matarazzo |  29 de junho de 2017

Janaína Matarazzo decidiu partir para a África motivada por sua forte conexão com os animais e em busca de contato com a natureza. De um sonho de ver os animais e promover mudanças, chegou sem conhecer ninguém, sem falar inglês e há 9 anos vive em Botswana. 

“ Ao chegar foi uma sensação de como se eu já tivesse estado lá, sei lá, não sei explicar. Eu prestava atenção em tudo, mas ao mesmo tempo me sentia muito confortável. Tudo me absorvia… foi como voltar pra casa”.

A fotógrafa, por lá, desenvolveu projetos com os povos indígenas locais chamados de San People ou Bushmens e teve a oportunidade de conviver de perto com eles, que segundo Janaína, são um povo calmo, de paz, que aprecia as coisas simples da vida, que respeita a estrutura familiar. Um povo alegre e com muito senso de humor.

“Tenho muito respeito e admiração pelos povos indígenas em geral. São pessoas incríveis, sempre admirei muito o conhecimento e sabedoria que eles têm da natureza e dos animais selvagens. Os Bushmen conseguem sobreviver em um ambiente semidesértico, com pouquíssimo acesso à agua. Sempre digo, que se a gente se perder pelas savanas com um grupo de Bushmen, certamente vamos sobreviver. Eles realmente podem viver 100% da natureza.”

Ela também nos contou que infelizmente eles, como muitos outros povos indígenas do planeta, estão perdendo espaço e o direito de viver na natureza selvagem, e que talvez, num futuro muito próximo, as gerações futuras desse povo, já não terão mais a sabedoria que a geração atual ainda possui: conhecimento das árvores, das plantas, dos animais e do meio ambiente em que vivemos.

“Quando fui picada por um escorpião no dedão do pé, o Dabe, um guia e Bushmen, pegou o escorpião pela calda e me disse que era uma fêmea e estava grávida por isso o veneno deveria ser bem forte. Tive que voltar pra cidade e lidar com a dor fenomenal por 5 dias! Desde então toda vez que vejo os Bushmen segurar escorpiões pra mostrar aos turistas, eu tenho que me lembrar daquela dor.”

Sua inspiração como fotógrafa é a luz, procura seguir seu próprio instinto e o olhar fotográfico sem muitas interferências externas.

“Eu amo a luz, o sol! Sempre vou seguindo a luz, depois o objeto, uma coisa vai se ajustando a outra até formar uma cena de filme, de sonhos. Quando essa foto acontece é realmente um momento mágico! Isso é o que eu sempre busco. Também sempre admirei os artistas e fotógrafos que acabaram se envolvendo em projetos sociais e de conservação da natureza e vida selvagem.”

Quando perguntamos sobre a relação do seu trabalho como fotógrafa e a missão do Infame, ela nos disse:

“Minha paixão e amor pelo lugar, pelos projetos que eu desenvolvi, pelos animais, sempre me motivaram a cada dia. Poder registrar a diversidade e beleza da natureza, os povos indígenas, os povos locais e os projetos que eu desenvolvi, especialmente das crianças da comunidade, sempre alegres e envergonhadas, é algo muito especial. Quando olho pra trás sou muito grata por tudo que passei e vivi, e principalmente, sou muito grata por todas as memórias que eu consegui registrar ate hoje. Espero que desperte curiosidade e admiração por este povo. E como é bom poder compartilhar com vocês!

Conheça mais seu trabalho nos links abaixo:

www.janainamatarazzo.com

Instagram: @janainamatarazzo/

www.travelforconservation.com

Janaína Matarazzo

Janaína Matarazzo

Janaína Matarazzo é designer e fotógrafa, com formação em Terceiro Setor pela USP. Antes de se mudar para a África, foi corretora de imóveis, ativista afiliada ao Partido Verde e trabalhou em projetos sociais da Prefeitura de São Paulo. Vive há 9 anos em Botswana.