A convite do Infame, o fotógrafo Pedro Arieta, residente em Manhattan, foi visitar o rapper no Bronx durante a gravação de um dos seus clipes. Conversaram especialmente sobre hip-hop, preconceito e arte. Aqui você confere as fotos, o relato do Pedro e também um pequeno vídeo com um trecho da entrevista.
“Forte Apache. South Bronx, mais especificamente o bairro de Hunts Point.
Fui lá conhecer o MC, b-boy e grafiteiro Chief69. Marcamos de nos encontrar no meio da tarde, ao mesmo em que ele iria gravar uma cena de seu videoclip.
Resolvi descer na estação de metrô anterior e ir andando até onde marcamos, avenida Whitlock. Consultei o Google maps e tracei uma linha reta pra chegar até o ponto de encontro, já que tava um calor do cacete. No começo uma larga avenida com lojas de descontos e lanchonetes. Há camelôs e muitos sorveteiros porto riquenhos. Pouca gente branca. Muito negros, latinos e indianos. Um pouco mais pra frente, vejo quarteirões residenciais com prédios de 8 ou 10 andares. Vários hidrantes abertos jorrando água alto, obviamente pra refrescar todo mundo que senta nas calçadas e cadeiras de praia; me parecem avôs e netos em sua maioria.
Na esquina em que marcamos eu o encontro com um chapéu camuflado sentado numa caixa de som, pintada com a bandeira de Porto Rico.
Essa região do sul do Bronx tem o apelido de Forte Apache, em referência ao bang bang do velho oeste. Nas décadas de 70, 80 e 90 essa era uma região muito negligenciada pelo Estado e dominada por gangues. A violência era muito mais comum que hoje em dia.
No começo dos anos 70, o hip hop começou a aparecer em festas na rua, as block parties. Big Pun, Kool Herc, Slick Rick, Grand Master Flash, The Furious Five and Melle Mel e KRS merecem menção aqui como os precursors do Hip Hop.
Chief69, mesmo sendo novo, chegou a ser membro da Zulu Nation, famoso coletivo de hip hop fundado por Afrika Bambaataa. Seu talento vai além do rap e envolve o hip hop como um estilo de vida. Ele grafita, dança e rima profissionalmente. Andamos até sua mais nova parede, e conversamos sobre a diferença entre grafite e arte de rua e como isso se confundiu nos últimos tempos. Para ele, o grafite é a marca de uma pessoa e vem do alfabeto necessariamente. É a assinatura de um artista de hip hop”.