Infame

17 Anos e 85 Países Depois: Chris Peroulakis e sua Fotografia de Viagem (e de Pessoas)

"(...) sou claramente mais atraído por pessoas, especialmente crianças e idosos. Eles parecem mais genuínos e expressivos para mim, e eu gosto de atribuir isso ao fato de que eles estão próximos do nascimento e da morte, consequentemente mais próximos do desconhecido".

Por Chris Peroulakis |  06 de junho de 2017

Sou um canadense e passo meus verões cuidando de um bar de temporada para turistas do qual sou dono em uma ilha grega. O meu negócio exige que eu seja muito sociável e interaja constantemente com meus clientes, noite após noite, comportamento esse que pode ser mental e fisicamente bastante exaustivo. Assim, passo o restante do meu ano viajando sozinho, tentando desaparecer nos países em que já estive. Depois de 17 anos e 85 países, eu continuo me revezando entre esses dois estilos de vida.

Ao longo da História, a fotografia, assim como outros tipos de arte, tem sido uma ferramenta poderosa de documentar a sociedade. Da mesma forma, tem me ajudado a manter lembranças das minhas viagens e experiências. Mas acima de tudo, deu-me uma instrumento pelo qual posso me expressar. E num mundo que continua interconectando-se e homogeneizando-se, essa é uma maneira efetiva de definir nossa identidade pessoal e desenhar nossa individualidade. Música, poesia, literatura foram todos parte do meu caminho em direção à fotografia, e cada uma delas me ensinou a usar meus sentidos de forma diferente. A música me ensinou a ouvir e a conectar-me; a poesia a ser honesto e analítico. A literatura, especialmente a filosofia, ensinou-me a mudar a maneira pela qual eu enxergo a vida. E a fotografia me ensinou a uma maneira mais profunda de ver e focar no mundo ao meu redor.

O que mais me inspira é a ideia de que uma das minhas fotos pode penetrar os cada vez mais raros momentos de atenção das pessoas, exercendo uma inexplicável conexão com aquele que a observa. Quem sabe até provocar uma resposta emocional. Há muita pressão nas pessoas na sociedade moderna para que façam algo, movam-se, desenvolvam-se, “progridam”, e eu gosto da ideia de que meu trabalho pode encorajá-los a diminuírem o passo, a parar, focar e refletir. Nunca procuro por assuntos específicos para fotografar, apesar de que sou claramente mais atraído por pessoas, especialmente crianças e idosos. Eles parecem mais genuínos e expressivos para mim, e eu gosto de atribuir isso ao fato de que eles estão próximos do nascimento e da morte, consequentemente mais próximos do desconhecido. No final das contas, meu objetivo é tentar revelar e compreender este “desconhecido”. É por isso que tenho o mais profundo dos respeitos pelo trabalho do Infame, nesse trajetória de descobrir e unir pessoas com causas mútuas. Somos companheiros nas armas.

Chris Peroulakis

Chris Peroulakis

Chris é canadense e divide seu tempo entre tocar um bar numa ilha na Grécia e viajar o mundo fotografando e observando pessoas. Porque é disso que ele gosta: pessoas. Confira mais das suas fotos em seu perfil no Instagram.