“Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura…” Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
Em nenhum outro local é tão percebida a presença do homem quanto na arquitetura. O contraste flagrante, a mostra da existência pelo abstrato. O concreto invade a vida em paletas de cores que contam uma história. Até em janelas onde não há ninguém, se esconde uma narrativa.
Na série “Priva-cidade, Publi-cité”, Rodrigo Kassab questiona os limites das relações entre os espaços públicos e privados, e transforma o espectador em um voyeur destituído da sua condição de espião.
Nas entrelinhas, o desenvolvimento da condição humana se realiza através das ações entre o indivíduo e o meio. Os homens, testemunhas da pequenez e da imensidão das criaturas que contemplam, mapeiam seu próprio eu, inspirados nas situações dos seres sob seus olhares.
As imagens expostas são resultado de um deambular sem rumo por ruas de São Paulo e Paris. O artista flanêur anda pelo avesso da cidade, transformada subitamente pela força das capitais, entregue às reflexões e às histórias que se constroem junto aos edifícios e multidões solitárias.
“Se essas imagens fossem estar situadas em algum lugar, esse lugar seria o espaço que há entre a privacidade e a publicidade, que parece imenso, mas na verdade é menor que o traço que separa o titulo” define o artista.
Texto: Paulo Kassab Jr., Galeria Lume