Caroline Lima nasceu e foi criada no centro histórico de Salvador. “Lá onde toda a origem do país começou”, completa ressaltando a riqueza histórica do seu território. “Desde criança, sempre fui muito contemplativa ao caminhar pela cidade. Lembro muito de saídas com minhas avó e mãe durante minha infância pelo centro. Fui me acostumando com esses cenários e acho que é de onde trago meu repertório e referências”.
Estudou durante 10 anos numa escola localizada na área central da cidade e todos os dias voltava andando até sua casa. “Eram 30 minutos. No caminho eu via de perto o que era a Salvador de verdade. Passava por várias ladeiras, becos, entidades e via todo aquele jeito de corpo presente. Gostava de cumprimentar muitos daqueles personagens que estavam pelo caminho. Acredito que grande parte da minha vontade em ver e me comunicar com as pessoas vem daí, além de outras questões como por exemplo minha herança genética”.
Estudou arquitetura e urbanismo na faculdade, mas aos poucos entregou-se à fotografia, hoje sua profissão. “Hoje este é o meu trabalho, e consequentemente sou eu; é a ferramenta que encontrei para possibilitar essa conexão mais profunda com as pessoas. Assim como qualquer outro tipo de arte, acho que a fotografia é mais uma linguagem que transmite e reverbera sentimentos. Vejo como uma ferramenta de registro e condição de fala muito potente. Não é só uma foto bonita, é política”.
Perguntada sobre as sensações que pretende causar com seu trabalho, responde: “Gostaria que as pessoas se sentissem representadas, protagonistas da sua própria forma de existir e quebrem todo o silenciamento que era tão comum na sociedade; que elas possam lembrar de toda a herança que nos foi deixada, e por conta da luta e sofrimento de todos os nossos ancestrais, hoje a gente pode falar”.
“Prefiro fotografar pessoas e, consequentemente, histórias. Ao fotografá-las, existe uma interação e conexão. Com isso, aprendo e sempre enxergo uma nova perspectiva da vida, prezo por esse intercâmbio de narrativas. Acredito que há uma grande potência nesses encontros”.
